quinta-feira, 10 de setembro de 2009

ARQUITETURA SUSTENTÁVEL: MODISMO OU NECESSIDADE?


*Tíffany Tavares
As questões de sustentabilidade chegaram ao enredo da arquitetura e do urbanismo de forma incisiva, trazendo novos paradigmas, no final da década de 1980 e início da década de 1990. E hoje, a sustentabilidade é o ponto mais que relevante no conceito de desenvolvimento.O desenvolvimento sustentável assegura que sejam supridas as necessidades presentes, sem comprometer futuras gerações a satisfazerem as necessidades de seu tempo. A prática da arquitetura segundo esses princípios é denominada Arquitetura Sustentável. Este termo está intimamente ligado a dois conceitos: ao meio ambiente e à energia; e ainda apóia-se sobre três pilares: deve ser socialmente justo, economicamente viável e preservar o meio-ambiente. Na arquitetura sustentável, é necessário destacar a eficiência energética d edificação, a correta especificação dos materiais, a proteção da paisagem natural e o planejamento territorial, além do reaproveitamento de edifícios existentes. Não se pode esquecer que a arquitetura, em seu caráter artístico, técnico e social, tem potencialidade para contribuir na mudança social para a sustentabilidade, para a coletivização dos processos urbanos. Hoje os edifícios são os principais responsáveis pelos impactos causados à natureza, pois consomem mais da metade de toda a energia usada nos países desenvolvidos e produzem mais da metade de todos os gases que vem modificando o clima. As abordagens arquitetônicas dos cenários ou planejamentos territoriais envolvem principalmente o uso de fatores naturais, como exposição à luz, para orientar a construção de edifícios de acordo com o caminho descrito pelo sol ou tornar as estruturas naturalmente ventiladas, aproveitando a direção natural dos ventos. Outra idéia de primordial importância é o planejamento do crescimento das cidades de forma a preservar áreas verdes e até mesmo criar ou ampliar essas áreas. A elaboração de um projeto de arquitetura na busca por uma maior sustentabilidade deve considerar todo o ciclo de vida da edificação, incluindo seu uso, manutenção e sua reciclagem ou demolição. O arquiteto e doutor em arquitetura ecológica Ken Yeang, afirma que é extremamente importante que o profissional da engenharia e arquitetura tenha em mente que todas as soluções encontradas não são perfeitas, sendo apenas uma tentativa de busca em direção a uma arquitetura mais sustentável. Com o avanço tecnológico sempre surgirão novas soluções mais eficientes. Para tanto, existem princípios básicos que conduzem um projeto arquitetônico a ser mais sustentável. São eles: Avaliação do impacto sobre o meio em toda e qualquer decisão, buscando evitar danos ao meio ambiente, considerando o ar, a água, o solo, a flora, a fauna e o ecossistema; Implantação e análise do entorno; Seleção de materiais atóxicos, recicláveis e reutilizáveis; Minimização e redução de resíduos; Valorização da inteligência nas edificações para otimizar o uso; Promoção da eficiência energética com ênfase em fontes alternativas; Redução do consumo de água; Promoção da qualidade ambiental interna e por fim, o Uso de arquitetura bioclimática. Há de se convir que um projeto sustentável, garante maior cuidado com as soluções propostas, tanto do ponto de vista ambiental quanto dos aspectos sociais, culturais e econômicos. O resultado final dessa nova arquitetura ecológica, verde e sustentável, proporciona grande vantagem para os clientes consumidores. Além de beneficiar o meio ambiente, garante o bem estar de seu usuário, e consequentemente ao profissional que projeta a arquitetura sustentável. A prática de sustentabilidade na arte da arquitetura pode ser ainda mais vantajosa, uma oportunidade que não pode ser desperdiçada. Esse nicho de mercado é hoje um diferencial, tanto é que já está se transformando em requisito, pois está dentro da necessidade urgente de melhores indicativos de qualidade de vida. Seus principais benefícios são: Redução dos custos de investimento e de operação; Imagem, diferenciação e valorização do produto; Redução dos riscos; Mais produtividade e saúde do usuário além de novas oportunidades de negócios no mercado atual.
Ecoprodutos ou Materiais Ecológicos
Ecoprodutos são todos materiais de origem artesanal ou industrializada, que sejam não-poluentes, atóxicos, benéficos ao meio ambiente e á saúde dos seres vivos, contribuindo para o desenvolvimento sustentável. Para saber se o material ou tecnologia é sustentável ou menos impactante é necessário responder algumas perguntas básicas: A matéria-prima é virgem ou reciclada? Como é extraída? É um recurso renovável? Qual é o processo produtivo? Apresenta baixo consumo de energia? E de água? O processo é poluente e gera que tipo de resíduos? O produto é poluente? Sua instalação, manutenção gera resíduos? Como é a logística de distribuição do produto? Consome muita energia? E a embalagem? Possui potencial de reciclagem ou de reuso? Possui algum tipo de certificação (tipo ISSO 14001) ou selo? Um material ecológico de destaque é o Bambu, uma matéria prima que serve para várias utilidades na construção civil. Embora o bambu possua uma força de tração paralela às fibras, similar a do aço, é mais leve que a madeira, o que o torna insubstituível em locais de difícil acesso, para vencer ousados vãos e balanços. Possui uma alta resistência de compressão transversal às fibras, sem, no entanto, roubar sua plasticidade natural. Sua flexibilidade permite construções em formas orgânicas, é utilizado como pilar, viga, caibro, ripa, telha, dreno, piso, revestimentos, se tratados adequadamente podem durar como madeira de lei. Enfim, um dos desafios da arquitetura contemporânea é o de conseguir desmistificar esse assunto e desenvolver projetos residenciais no interior das cidades, valendo-se dos conceitos de arquitetura sustentável e de desenvolvimento sustentável adaptados ao ambiente urbano e às condições locais de disponibilidade de materiais e mão-de-obra. Não se trata de alta tecnologia, sofisticada e cara, mas sim de soluções técnicas simples e acessíveis em projetos de arquitetura que têm como premissa conceitos de ecologia urbana e de planejamento ambiental, os quais dentre vários objetivos, destaca-se o da melhoria da qualidade de vida.
*Tíffany Tavares é Arquiteta/Urbanista, Radialista e Acadêmica de Jornalismo.